Garoto Encontra Garoto
de David Levithan,
editora Galera Record.
Vamos encarar os fatos: um título como esse chama a atenção. E vindo de David Levithan, que sabe tratar a homossexualidade com a naturalidade devida, fica mais atraente ainda!
O que mais gosto no autor é que ele não fica necessariamente levantando bandeiras, mas simplesmente conta as coisas como elas são, a vida, a realidade que existe no mundo – e faz isso de forma deliciosamente encantadora. Perfeita para quebrar possíveis tabus que alguns ainda possam, lamentavelmente, ter. ;)
Eu falei sobre a vida como ela é? OK, nem tanto. Paul estuda em um colégio bem pouco convencional, no qual a rainha do baile é também o quarterback do time de futebol americano e as líderes de torcida pilotam motos envenenadas. Por ali, héteros e gays convivem em perfeita harmonia e se ajudam sempre que possível.
Nesse ambiente peculiar, repleto de personagens interessantes, ele conhece Noah. Novo na área, com uma personalidade doce e tranquila e um coração já partido por outro rapaz, a atração é imediatada e irreversível. Disposto a viver um novo amor – e tendo ele mesmo sua própria dose de sofrimento passado -, Paul investe com tudo e poucas vezes se sentiu tão bem.
E as coisas iam realmente tranquilas, mas nada poderia ser tão fácil assim na vida desses adolescentes do ensino médio. E as complicações começam quando o ex-namorado reaparece em sua vida disposto a tudo para reviver os bons momentos – inclusive virar um stalker meio esquisito -, e Paul acaba pisando feio na bola.
Junte a isso problemas com a melhor amiga, Joni, que agora namora um brutamontes idiota, ex-namorado da rainha do baile; o fato de ter que lidar com o ex-namorado sofredor dessa amiga; ter que aturar também a revolta de Infinite Darlene que, como rainha, não admite tamanha burrice por parte de Joni; e todo o problema de seu melhor amigo, que não consegue assumir a homossexualidade por conta de pais mega religiosos… Resultado? Confusão e muito drama, certamente.
Tentando lidar com tantos rolos e, ao mesmo tempo, lutando contra o tempo e a criatividade para ter Noah de volta, Paul mostra que é um jovem apaixonado como qualquer um de nós. E, justamente por isso, tem seus erros e acertos – mas quer acertar muito mais do que errar, então isso já é um grande passo! E contando com amigos complicados, porém dedicados, as coisas ficam um pouco mais fáceis.
Toda essa alta dose de problemas tipicamente adolescentes nos são apresentadas de uma maneira deliciosamente envolvente. Clichê? Pouco profundo? Certamente! Mas é justamente aí que o autor acerta em cheio, quebra tabus e preconceitos e nos oferece uma história de amor bacana, com personagens incríveis e momentos muito emocionantes e divertidos. Além da história ser bacana, os personagens construídos por Levithan são apaixonantes, engraçados, complexos e ganham nossa torcida (ou nosso ódio) com facilidade.
O livro não chega a ser uma obra espetacular ou complexa como Todo Dia (meu favorito dele!), mas é daquelas para ler de um vez só, torcendo para chegar logo no final que você espera. Esse, aliás, me incomodou um tiquinho, já que não é definitivo – mas também não deixa tudo no ar, não. É algo mais sutil, mas combina perfeitamente. Recomendadíssimo para quem curte o estilo de história ou para quem quer conhecer. Vale mesmo a pena! :D